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Ações afirmativas para a psicanálise

  • Foto do escritor: Carlos Castro
    Carlos Castro
  • 19 de jun.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 31 de jul.

Há alguns dias, a Maiêutica trouxe a discussão sobre a implementação de "ações afirmativas" para dentro da instituição, e fiquei me perguntando: do que isso fala?


Para além dos movimentos internos da instituição de psicanálise que construo, essa noção de "ações afirmativas" é algo que circula em nossa cultura — e, portanto, a psicanálise.


Talvez, em um olhar mais desatento, possa parecer tratar-se apenas de uma perspectiva de gestão por cotas e políticas de permanência — vide o que aconteceu, com relativo sucesso, nas universidades públicas.


Contudo, a discussão carrega algo mais, e por isso exige um pensamento cuidadoso para que possa ser sustentado. Pois a ideia de inclusão de sujeitos que até poucos anos atrás estavam excluídos do meio psicanalítico brasileiro balança lugares que até então permaneciam estanques no espaço político-institucional.


E aqui faço um parêntese necessário: a noção da queda de uma posição, em geral, é um movimento bem quisto no setting analítico.


Se formos pensar no cenário atual da psicanálise brasileira, nos deparamos, por um lado, com um movimento mercadológico de graduações em psicanálise ao estilo EAD por instituições que, de forma bastante perversa, procuram lucrar em cima de um "mercado" que está em alta, sob o discurso de democratizar a psicanálise; e por outro, com o surgimento em poucos anos de quase uma centena de coletivos de psicanalistas que buscam encontrar outros caminhos para a transmissão da psicanálise, levando em questão as questões sociopolíticas. As instituições parecem ser esse espaço que se sente convocado a repensar sua função de transmissora, diante da procura desses novos sujeitos pela psicanálise.


Por isso, outras perguntas: o que precisa ser afirmado? que lugar precisa ser afirmado?


Bom, minha resposta — decorrente da própria história da práxis — é que o que se afirma é o lugar da psicanálise junto à marginalidade. Da escuta dos excluídos e das possibilidades da escuta a contrapelo discurso normalizante.


Ao incluirmos novos sujeitos, o que afirmamos é a psicanálise em novos espaços. Não se trata de inclusão de identidades marginalizadas, e sim da psicanálise, afinal do contas, no nosso oficio do psicanalista passa longe do reforço das identidades.


Se souber o nome da fotografa me fala
Se souber o nome da fotografa me fala

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